OS DIAS DO CAPITÓLIO
Miguel Sousa Tavares disse hoje na TVI que André Ventura não tem substrato político e que o seu discurso só serve para as redes sociais e conversas de café.
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Miguel Sousa Tavares disse hoje na TVI que André Ventura não tem substrato político e que o seu discurso só serve para as redes sociais e conversas de café.
Mais de 24 horas após o escrutínio eleitoral, é hora de nos debruçarmos um pouco (não muito) sobre o que de facto aconteceu e sobretudo, porque aconteceu.
A questão que se deve colocar é: Se há um mês António Costa e o Partido Socialista ganhavam tudo e todos, porque é que no Domingo os portugueses votaram maioritariamente e uma vez no PSD/PP?
É obvio que após o facto consumado, todas as teorias são admissíveis e muito se tem dito sobre isso, aliás, Portugal está transformado num covil de “especialistas” de tudo e mais alguma coisa, com especial destaque para os profissionais “opinadores” da política. E não me refiro a pseudo “especialistas” em comunicação política que nas últimas semanas ressuscitaram, já que o ridículo de algumas das suas afirmações, relevam para o domínio das fantasias freudianas.
De repente, toda a gente sabe a razão da derrota do PS, quando se calhar o que devíamos estar a analisar era as razões da vitória. Uma vez mais o enfoque está no Partido Socialista e não na coligação PSD/PP.
Vejamos; para alguns observadores, o PS deveria ter ido “pescar” votos à direita e ao centro, em vez de se ter focado nos votos da esquerda. Mas não foi a esquerda que ganhou estas eleições? Sobram os “outros” portanto… E os outros são quem? Querem convencer-me que os reformados com mais de 70 anos e que votaram PSD/PP são de direita? E os professores que desceram a avenida em protesto (cerca de 100 mil disseram) será que desta vez também votaram em Pedro e Paulo? E que dizer dos funcionários públicos que viram os seus ordenados cortados nestes últimos anos? E os profissionais da restauração? E os que viram os seus filhos emigrarem?
Do meu ponto de vista, a grande responsável pela derrota do Partido Socialista foi a falta de memória.
- dos portugueses, que se esqueceram de tudo aquilo porque passaram nos últimos anos
- dos outros ditos Partidos de esquerda, que não aprenderam com os erros do passado e continuaram a atacar o PS em vez de cerrarem fileiras contra o PSD/PP
- do próprio Partido Socialista, que se esqueceu que era de facto o “agent provocateur” e não o detentor do ónus. E esta foi de facto a rasteira habilmente montada pela campanha da coligação e na qual o PS caiu (a esta distancia é fácil concluir que foi de uma forma quase infantil).
Ao longo das semanas, a discussão centrava-se apenas e só em torno das propostas do PS, tudo o que António Costa dizia e sobretudo o que não dizia, era escrutinado até à exaustão, só faltou dizer que o responsável pela situação do País nos últimos 4 anos era o PS e não de quem de facto governou mal e tenta persistir no erro.
O Partido Socialista esqueceu-se de atacar e passou o tempo todo a defender-se, esta foi a razão principal!
O partido que disputa o poder, não tem que se defender, tem que atacar, sempre, todos os dias, tem que se insurgir, não tem que ripostar, tem que questionar. Não era o programa do PS que estava a ser analisado, mas sim o resultado da governação de 4 anos do PSD/PP!
Feitas as contas, o Partido Socialista obteve menos 200 mil votos (duas manifestações de professores na avenida) que a coligação PSD/PP. Estes, obtiveram aliás, um dos piores resultados eleitorais de sempre, o que não lhes retira no entanto o mérito da vitória.
Entre os outros pequenos movimentos sociais que se posicionam à esquerda do PS, há pelo menos 162.000 votos perdidos. E digo perdidos, porque nem as mamas de Joana Amaral Dias lhe renderam a eleição, nem o pragmatismo ideológico de Rui Tavares serviram de alguma coisa. A direita uma vez agradeceu!
Aliás, se há coisas que retiro destas eleições e desta campanha eleitoral, é que esta gente toda, repito; ESTA GENTE TODA - está completamente dissociada da realidade deste País.
Os portugueses estão-se nas tintas para os debates políticos servidos avulso pelos canais de informação e que mias não servem para ações de auto satisfação sexual dos seus protagonistas. Os portugueses, percebem que esta gente mais não faz do que olhar permanentemente para o seu umbigo, esquecendo-se que o Mundo lá fora muda todos os dias e que a realidade do dia-a-dia, é uma coisa completamente diferente.
Face a estes resultados, o que sobra de facto para o PS e António Costa?
Conheço António Costa há muitos anos, nutro por ele uma admiração impar e reconheço nele as qualidades e sobretudo a inteligência para governar Portugal. Dito isto, parece-me que este sobressalto repentino do PCP e do Bloco de Esquerda, como se de repente tivessem percebido que estão orfãos de Pai e Mãe, me parecem apenas desculpas de mau pagador. O primeiro, durante a campanha eleitoral, tentou uma vez mais acertar contas com o destino (entenda-se aqui destino como sendo o Partido Socialista), o segundo, assumindo-se como protagonista de uma demagogia populista impar, esqueceu-se que foi ele próprio que ajudou a derrubar um governo e que a consequência desse acto tresloucado, abriu as portas á eleição do governo mais retrogrado de que há memória no pós 25 de Abril de 1974. Esta esquerda demagogica, que em muito se assemelha ao populismo de Pedro e Portas, tem no Partido Socialista e António Costa a sua tábua de salvação, como se de repente não tivesse existido campanha eleitoral, e ninguém tivesse apelidado o líder e Secretário- geral do PS, com alguns dos impropérios bem típicos desta esquerda trauliteira.
Poder-se-á dizer; ahhhh mas o Bloco até teve mais votos e mais deputados.
É verdade, mas se calhar esta “vitória” é mais demérito do PS do que fruto da excelência de Catarina Martins. Além dos seus lindos olhos verdes (a cor variou conforme os cartazes) alguém me consegue identificar uma, apenas uma medida concreta e de comprovada execução, proposta pelo Bloco?
O PSD/PP não têm uma tarefa fácil.
Os partidos à esquerda do PS também não.
Ambos sabem que terão que viver com o programa de governo apresentado por António Costa, o qual, no rescaldo da noite eleitoral já avisou o que vai submeter à nova assembleia da República. Por um lado, o ónus da governação estará do lado do PSD/PP, mas por outro, o PCP e o BE, terão que se entender e aceitar se votam favoravelmente ou não as propostas do partido Socialista.
Percebe-se agora o significado do palavrão “Partido Charneira”
P.S. Não referi neste longo texto reflexivo, a triste figura que alguns dirigentes nacionais do Partido Socialista estão a fazer. Para alguns, este autêntico “Sindroma do vestiário” reflete apenas traumas de infância e sintomas de abandono parental, para outros, trata-se apena de um comportamento meramente freudiano, normalmente designado por “Penis envy”. Como ambos os casos, fogem ao foro da política pura e dura, recuso-me a tecer qualquer comentário sobre os seus comportametos.
Guernica, por Victor J.
António José Seguro tem um dilema, ou melhor, um trilema!
Os fantasmas de António Costa e José Sócrates atormentam-lhe a cabeça (um de cada lado) ao mesmo tempo que tenta fazer oposição a Passos Coelho e sim, eu quero acreditar que António José Seguro, quer fazer oposição a este governo.
Isto representa uma carga de trabalhos e não é tarefa fácil, eu por exemplo não gostaria de estar na pele dele, mas… eu também não me ofereci para ser Secretário-geral do PS, foi António José Seguro que se ofereceu ao sacrifício e logo na noite das eleições, “ainda sobre o cadáver fumegante de José Sócrates” como muito bem referenciou Miguel Sousa Tavares em directo na SIC.
Mas enfim… isso são águas passadas.
A António José Seguro falta muita coisa e não é de estranhar, pois é um político jovem, tem uma equipa igualmente jovem e é líder há relativamente pouco tempo, mas há uma coisa que os seus conselheiros lhe deviam aconselhar, a leitura do “Guerra e Paz “ de Leão Tolstoi, só porque a história ensina-nos muita coisa!
O Secretário-geral do PS não tem vida fácil, mas convenhamos, que nunca nenhum líder do PS teve vida fácil, faz parte do código genético do PS, portanto não é de estranhar!
Outros há, que alegando o facto do actual líder ter sido eleito democraticamente, há quase dois anos, não se justificar ainda abrir uma “guerra de sucessão”. Curiosamente, estes defensores de Seguro, são os mesmos que acham que Passos Coelho, eleito igualmente democraticamente há dois anos, já devia ter ido embora. Contradições? Nem por isso, apenas na forma de expressão.
Eu sei que o tempo é inimigo de Seguro, o líder do PS precisa de tempo para cimentar a sua estratégia, seja ela qual for, mas…será que Portugal e os portugueses, também partilham o seu calendário?
As sondagens dizem que não. As sondagens mostram que os portugueses, estão descontentes com a governação do PSD e de Passos Coelho, mas não dizem que a alternativa é o PS.
Depois de ler o “Guerra e Paz”, António José Seguro chegará à conclusão de que se quer de facto assumir-se como líder de um grande partido como é o Partido Socialista, não tem que temer o confronto e o debate e o Congresso é o melhor local para debater cara a cara com todos aqueles que o acusam de protagonizar uma oposição frouxa.
O Congresso, é o local ideal para explicar aos seus camaradas, as trapalhadas das nomeações autárquicas de Matosinhos e Cascais por exemplo.
O Congresso, é o local ideal para explicar aos congressistas, a razão pela qual, durante a presente legislatura, ter optado por fazer tábua rasa em tudo o foram as politicas do Partido Socialista nos anteriores governos, nomeadamente os de José Sócrates.
O PS fez algumas coisas mal?
Claro que sim, mas também protagonizou muita coisa boa, os portugueses sabem disso, mas aparentemente só alguns…
Não devemos ter vergonha do nosso passado, da nossa história, devemos isso sim ter orgulho daquilo que fizemos pois temos a consciência tranquila, de que lutamos por um Portugal, mais justo, mais solidário, mais próspero, sem esquecer ninguém, do litoral ao interior, seja rico ou mais carenciado (e sobretudo estes).
Estas são as bandeiras do PS, estas são as razões pelas quais os portugueses votaram em Mário Soares, em Vítor Constâncio, em Jorge Sampaio, em António Guterres, em Ferro Rodrigues e em José Sócrates. Esta é a nossa identidade, a nossa matriz, a nossa história!
É urgente devolver essa identidade, este património ao Partido Socialista.
Bem…e isso deverá ser feito quando, perguntam os meus amigos… O mais cedo possível!
Os autarcas do Partido Socialista e principalmente os portugueses que vêm neste partido uma réstia de esperança para o desastre que se abateu sobre Portugal, agradecem.
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