Terra Queimada
"A Terra rebentará, podemos tê-lo por seguro, mas não será para amanhã. Do que estamos a necessitar é de um bom susto.Talvez despertássemos para a acção salvadora."
Ouvir falar Sampaio da Nóvoa, é sempre um bálsamo para a mente e um tónico para os nossos ouvidos.
A clarividência, com que aborda, despudoradamente diga-se, os problemas que afectam a sociedade portuguesa, faz-me acreditar que ainda existe seres inteligentes neste país.
Depois do discurso, tipo chapelada, com que nos brindou no Dia de Portugal (cuja audição deveria ser obrigatória a todos os aspirantes a cargos publico e políticos), a entrevista de ontem na RTP a Fátima Campos Ferreira, foi mais uma lufada de ar fresco, neste tão carregado e cinzento final de estação.
Ao seu lado, Fátima Campos Ferreira até parecia inteligente!
São pessoas como o Professor Sampaio da Nóvoa, que ainda me dão alguma esperança e alento. A sua coragem e lucidez, fazem-me pensar e agir.
Aliás, tendo em conta os seus últimos “recados” nem sei como é que o Correio da manha ainda não lhe pôs a vidinha ao Sol, mas não deve demorar muito para que lhe ponham atrás um jornalista e um rapaz a tirar fotografias, sempre que for almoçar ou passear de carro!!
E porquê? Porque Portugal está reduzido a uma estação de sound bytes!
Esta é a escola de Paulo Portas, a escola que enquanto jovem jornalista, alimentou e disseminou enquanto director do Independente e mais tarde enquanto candidato a várias coisas, deputado, presidente da câmara (lembram-se do “Eu Fico”?) cabeça de lista ao parlamento europeu, ou mesmo candidato putativo ao cargo de presidente da república.
Portugal vive hoje em dia, como se não tivesse havido um ontem (e por vezes um amanhã). Os jornais noticiam apenas o momento presente, qual pastilha elástica que se mastiga e deita fora se demora! Aquela coisa antiga e pertinente de cruzar fontes e dados para enquadrar determinada noticia, foi chão que secou há muito e dali já não há esperança de qualquer tipo de fruto.
Por isso mesmo, não é de estranhar o momento que estamos a viver.
Tudo se passa, tudo acontece e no entanto… ninguém reage, ninguém diz nada…parece que estamos anestesiados.
Vejamos
Mário Nogueira, o líder carismático do proletariado professoral, afirmou recentemente e cito: “ Agora é que os corte vão doer” Agora????? Agora Sr. Professor??? Mas onde é que o senhor tem andado estes meses todos? A contar cabeças tresmalhadas?
Onde é que param agora os tais 200 mil professores que desceram a Av. Da Liberdade a exigir mudanças e a protestarem contras as medidas do governo de José Sócrates?
As vozes estão caladas? Resignadas? Ou será que a vergonha fala mais alto?
E já agora, o que é feito dos “Homens da Luta”, também eles levados ao colo por uma falsa moral, que apregoava por todo o lado, o fim de um ciclo e a necessidade de renovação? Será que esta dupla de actores, cantores, era tão somente isso mesmo?
As vozes estão caladas? Resignadas? Ou será que a vergonha fala mais alto?
Quantas primeiras páginas fez o “Público” sobre a licenciatura de Sócrates? Penso que neste caso, a contra-informação e a manipulação de informação deveriam servir para fazer um qualquer tratado, uma qualquer tese de Mestrado (sim, já pensei nisso). Durante semanas, meses, anos, o anedotário dos portugueses, foi alimentado por uma história, que em si nada tem de extraordinário e que se explica facilmente, no entanto, e como comparação, se é que se pode compara uma coisa com a outra, o currículo universitário de Miguel Relvas já caiu no esquecimento, é como se se tivesse aceite o facto de que de facto as coisas são assim; palmadinha nas costas e já está!
Não há investigação, contraditório, inquirição…NADA!
As vozes estão caladas? Resignadas? Ou será que a vergonha fala mais alto?
E os submarinos de Portas?
E a derrapagem escandalosa das contas públicas?
E o BPN de Cavaco e Dias Loureiro
E a RTP…
Por razões que são facilmente compreensíveis, custa-me falar da RTP. Dói-me a alma só de pensar! Por isso aconselho a leitura do excelente texto do meu companheiro José Manuel Rosendo, que de uma forma quiçá menos violenta do que a minha, mas mais objectiva, traça de uma forma muito inteligente o que está verdadeiramente em causa.
Direi apenas que para casos como este, defendo tudo o que privilegie a acção violenta, radical e armada, a começar por um pano encharcado em “merda” na tromba dos atrasados mentais que diariamente dizem alarvidades sobre o universo da RTP e o serviço público de radiodifusão.
Ao pé disto, Margarida Rebelo Pinto é uma gordinha fofinha que tem conversas de pé de orelha com Maria Filomena Mónica sobre a sua recente conversão ao ideário de esquerda.
Posto isto, pode perguntar-se, mas afinal porque é que ninguém protesta?
Tenho para mim, que os portugueses, na sua imensa sabedoria, não encontram ninguém no horizonte capaz de ser uma alternativa credível ao actual poder instituído.
Terá que emergir uma nova figura, alguém capaz de dinamizar a sociedade cível, alguém que seja capaz de devolver aos portugueses a dignidade perdida!
Esse líder, se existir, tem que se apressar.
A política da terra queimada está a produzir efeitos e se se atrasar, quando chegar, não há campo nenhum que valha a pena ser cultivado.
JÁ ARDEU TUDO!