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Na minha terra costuma dizer-se: Quando a merda chega à ventoinha, ficam todos cagados!

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21
Dez20

Os Operários do Natal

escadas

"O dinheiro pouco importa, o que importa é a verdade e a prenda mais valiosa é a prenda da amizade.   Quem faz das tristezas forças e das forças alegrias constrói à força de amor um Natal todos os dias." 

Ary dos Santos

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Tenho muitas e boas recordações do Natal. Desde os presépios que "inventava" no Alentejo, até às representações que levava a cabo com minha prima Edite nas noites de consoada, com a família em volta da lareira recolhida do frio que se fazia sentir na Maceira,  a pequena aldeia da minha avó, Na verdade estávamos todos dentro da lareira porque aquilo era enorme!

A construção do presépio constituiu sempre um dos pontos altos do meu Natal. Nunca foram pequenos e houve um ano que construi um anexo ao lado da sala para poder comportar um projeto que se fosse hoje podia competir com o presépio das Amoreiras por exemplo.

Quando o meu filho mais velho nasceu, o presépio transformou-se num dos pontos altos do ano. Era uma festa!

a irmã Leonor segue-lhe as pisadas.

Os presépios já me fizeram percorrer os quatros cantos de Portugal. Conheci e bem o presépio Cavalinho que (infelizmente já ardeu), o de Monsaraz, Vila Real de santo António, Penela, Almeida, Estremoz e tantos, tantos outros.

Lembro-me de muita coisa. Lembro-me por exemplo da minha avó a fazer filhoses sem fim, mexendo a massa num enorme alguidar de barro que pesava toneladas. Lembro-me de pendurar a meia na chaminé de colocar o sapatinho por baixo.

lembro-me do meu chegar a casa com um pinheiro enorme, daqueles verdadeiros que cheiram a resina e tudo e de passar as noites a desenhar a a recortar estrelas douradas que iriam encher toda a copa.

Naqueles tempos não havia Pai Natal. Celebrava-se o menino Jesus!

Havia a festa do trabalho dos Pais, que contemplava sempre um presente condigno.

E havia o Circo e as canções!

Mais tarde e já quase adulto, conheci um grupo de amigos que se intitulavam "Os operários do Natal". foi no Natal de 1976. Nunca fiz parte daquela trupe apenas no encontrávamos por feliz coincidência. Foi aí que conheci pela primeira vez a Ana Bola, ou melhor será dizer a palhaça Bolona. Não sei se nessa altura já cozia os ovos em água das pedras, mas lembro-me que o espetáculo era apresentado pelo Júlio Isidro, mas sei que que quando os vi pela primeira vez, pensei para mim mesmo "mas onde é que este tipos andaram metidos toda a minha vida????" Nunca lhes disse nada, mas eu, que era um interveniente direto do espetáculo (e era pago para isso) era de certeza o espetador mais atento. Ainda hoje sei aquilo tudo de cor.

O Natal era também sinónimo de bacalhau, coisa que eu não apreciava muito e de couves, daquelas verdes e que sabiam mesmo a couve!

Lembro-me de ir à Baixa com os meus Pais, ver a  montra do Grandela, que na altura tinha a decoração mais espetacular e do cheiro a algodão doce que enchia o largo do Rossio (alguém se lembra desses cheiros?) .

Hoje já não se pode, mas antigamente, ainda o mês de Novembro não tinha acabado e já eu tinha ido a Sintra apanhar enormes Lençóis de musgo,  daqueles que cobriam os penhascos da Serra mágica. Quando o Natal era passado na Maceira, a tarefa era facilitada. O difícil era transportar aquele manto todo e dar-lhe uso!

Apesar do Natal deste ano ser diferente, espero que em breve possamos todos retomar os velhos hábitos e olhar para os símbolos e reconhecer o seu verdadeiro significado.

O Natal ou o nascimento da pequena luz que deveria existir dentro de todos nós, está por estes dias condicionado pela exigência consumista que ofusca o seu verdeiro significado.

Este ano pedem-nos para usar máscara, como se isso fosse uma coisa estranha. A maior das pessoas com que nos cruzamos diariamente esconde-se atrás de uma máscara, de hipocrisia, de cinismo, de indiferença.

Mesmo que no próximo ano nos digam que podemos finalmente respirar para cima uns dos outros e tocarmo-nos, estou certo que infelizmente, muitos irão optar por continuar escondidos atrás de uma máscara que esconde aquilo que de facto são, ou não são.

Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que vai mudar alguma coisa, mas não me cansarei de lutar para que as coisas não fiquem na mesma.

Mudem!

Um Santo e feliz Natal para todos.  

 

 

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