O QUE FAZER COM ESTA VITORIA?
Os especialistas em contas (o que não é o meu caso) poderão encontrar mil e uma formas de explicar os resultados de ontem.
Penso que estas, foram as primeiras eleições em que nem todos os Partidos reclamaram vitória, alguns deles até assumiram mesmo a derrota, mas este foi de facto o único pormenor credível.
Interrogam-se alguns analistas quanto ao “fenómeno” Marinho Pinto. Esquecem-se no entanto da “mensagem” que o eleitorado já tinha transmitido nas autárquicas passadas. A votação em candidaturas ditas independentes, provocou uma alteração na forma como os portugueses abordaram até então a questões eleitorais e a consequente representatividade política. Disse-se então que o monopólio dos Partidos tradicionais tinha acabado.
Bem… parece que não aprenderam!
Não tenho nada contra a eleição de Marinho Pinto, o voto popular é soberano, o que contesto é a razão que levou ao voto neste candidato. O voto em Marinho Pinto, foi um voto de protesto, um voto contra a oligarquia tradicional dos partidos políticos. Um voto contra a forma egocêntrica, como os partidos do arco do poder têm tratado os seus eleitores. Não perceber isto, é continuar a olhar para o seu umbigo e isso é o que me preocupa mais.
Um dia, talvez não muito longe, acordamos e temos à nossa porta um qualquer líder de opinião com ideias extremistas e que consegue capitalizar os votos de protesto de toda uma classe que continua a não se rever nem nos partidos do governo e muito menos, no maior partido da oposição! Não reconhecer isto, é condenar ao fracasso toda e qualquer estratégia de comunicação.
Os Partidos não falam com as pessoas. Olham uns para os outros comos e fossem os donos absolutos da verdade. Auto-estimulam-se com as suas considerações e entram em êxtase com a sua verborreia.
De pouco interessa se os seus eleitores não os compreendem. De pouco interessa que tenham emigrado 200, 300 ou 400 mil portugueses (por falar nisso, algum deputado se lembrou de falar com eles?) no fim haverá sempre alguém para votar, mesmo que essa percentagem esteja a diminuir a cada acto eleitoral. De pouco me vale que o Bloco de Esquerda se tenha eclipsado. Este movimento político há muito que deixou de ser uma mais-valia na cena política portuguesa. Não fico descansado com a subida eleitoral do PCP, os comunistas continuam a pensar que são os verdadeiros donos da esquerda e por consequência da própria democracia. O verdadeiro adversário do PCP, sempre foi e continuará a ser o PS, independentemente do seu líder. Quanto a Marinho Pinto, já se sabe que vai trabalhar em conjunto com o grupo dos Verdes e que vota por Martin Schulz. Mas… e há sempre um “mas” também já disse que não coloca de parte uma futura candidatura ao parlamento nacional ou mesmo Presidência da Republica.
A concretizar-se esta demanda, os portugueses acabaram de eleger um eurodeputado que não tem linha programática, nem ideologia, nem objectivos claros, a não ser, SER ELEITO!
A culpa não é dele e muito menos de quem nele votou.
A culpa é dos Partidos que continuam a olhar apenas para o seu umbigo, dando assim espaço e oportunidade para que continuem a aparecer este tipo de candidatos!