A Paz Podre
Agora consigo imaginar a sensação de desespero que perpassa pelos jovens portugueses que decidem emigrar.
A sensação de abandono, quando chegados ao aeroporto e prontos para embarcar, olham para trás e reflectem:
- Gaita…não quiseram saber de mim!
Mal comparada, esta sensação de “orfandade” só encontra paralelismo, naquela história do marido, que desesperado por já não conseguir olhar para a cara da mulher e sem coragem para acabar com a relação, avisa que vai à rua comprar cigarros e…nunca mais volta. Obviamente que esta atitude é reprovável, mas o que leva a que uma pessoa esqueça toda uma vida e parta para outra, dá que pensar.
Compreendo a sensação de abandono que alguns sentem nesta altura.
Mas vendo bem as coisas, não será que a culpa em parte é também nossa?
Quando em 1961 disse "Não perguntes o que o teu País pode fazer por ti, pergunta o que podes fazer pelo teu país!", John Kennedy contestava o tom “sebastiânico” com que normalmente a sociedade enfrenta os seus desafios.
O que é desejável, é que apareça por aí a esvoaçar pelos ares, um qualquer Super-Homem, que envolto na sua capa azul, consiga por nós, vencer “os maus” e derrubar todos os obstáculos!
O problema é que não vivemos no Mundo da “Marvel” e como tal temos mesmo que fazer pela vida, pois ninguém o fará por nós. Enquanto não nos capacitarmos disso e continuarmos à espera do nosso Super-Homem, seja ele qual for, não conseguiremos ir a lado nenhum.
Cada um de nós tem que agarrar na sua capa (o maillot pode ser dispensado) e partir por aí em busca da sua guerra!
É preciso lutar!
Nós não precisamos de consensos, precisamos de rupturas! E esta é uma realidade que os nossos políticos tardam em perceber.
Foi este inconformismo que levou D. Afonso Henriques a sonhar com uma coisa chamada…Portugal.