Nos 50 Anos do Partido Socialista
Para a História do Partido Socialista
No dia de hoje, quero prestar a minha homenagem a várias figuras do Partido Socialista com as quais privei e que muito contribuíram para a minha formação enquanto pessoa.
Neste dia, quero prestar a minha homenagem ao Grande Fausto Correia, homem íntegro e solidário. Quero lembrar o António Janeiro, um socialista como poucos, Jorge Coelho, meu amigo e companheiro de estrada, o Ferreira, com quem partilhei a maioria dos palcos que foram instalados e finalmente o João Paulo Bessa, que me convenceu um dia a falar ao microfone no Pavilhão Carlos Lopes perante alguns milhares de militantes.
Que me perdoem os outros que não referi aqui. Não é que sejam menos importantes, mas na verdade, boa parte da minha vida foi passada no Partido Socialista e lidei com a maior parte deles. Conheci O pedro Reis no mesmo que o António Manuel, ambos faziam recortes de jornais. Estive com o Vilaça na manifestação de apoio a Vitor Constâncio.
Celebrei muitas vitórias eleitorais com todos eles e carpi mágoas nas noites menos boas.
As pessoas que acima referi, por uma ou outra razão, contribuíram para o minha formação enquanto pessoa. Ensinaram-me a ser uma melhor pessoa. Isso não se esquece.
No dia de hoje, também não me esqueço de um dos episódios mais caricatos da minha vida.
Passo a contar:
Contagiado pelo fervor “revolucionário” que o 25 de abril nos tinha brindado, em novembro de 1974, tornei-me militante da JS, tinha apenas 14 anos.
Naquela altura a nossa consciência política era pouca ou mesmo inexistente. Não tinha na família ninguém que tivesse militado politicamente em qualquer movimento político de oposição ao antigo regime e os meus Pais viam até com alguma apreensão esta minha nova faceta.
Para mim era um mundo novo, tanto mais que o ano que se seguiu (1975) veio a demonstrar quão perigoso tinha sido aquele meu atrevimento.
A minha secção era em Oeiras. A sede situava-se numa casa “apalaçada” e foi lá que aprendi por exemplo a fazer bandeiras. Sim meus caros, antigamente eram os militantes que faziam as bandeiras (com carimbos em stencil) que se empunhavam nos comícios e manifestações. Por isso mesmo, os meus fins de semana eram passados entre panos vermelhos e lata de tinta amarela, tudo em amena cavaqueira e com as hormonas aos saltos.
Foi nesta altura também, que em conjunto com outros camaradas da JS, instituímos o NASE, Núcleo de Acção Socialista nas Escolas, “coisa de alto nível” que deu muitas dores de cabeça aos militantes da UEC (antecessora da JCP) e aos comunistas em geral.
Vou deixar para outra ocasião as histórias e alguns episódios mais caricatos que aconteceram no Liceu de Oeiras, pois no dia de hoje que partilhar uma outra história.
Naqueles tempos, competia aos jovens da JS, como já referi, produzir as bandeiras e faixas, vender o “Acção Socialista” nas ruas e…distribuir a propaganda política, quer se tratasse de um simples comunicado, ou no caso presente, de convites e apelos à participação em comícios.
No início de 1975, realizou-se um grande comício no Pavilhão de paço d’Arcos.
Forma produzidos várias centenas de pequenos folhetos (policopiados) de diferentes cores que apelavam à participação e nos quais figurava em letras grandes os principais oradores do evento.
No comício de Paço d’Arcos e além de Mário Soares, iriam falar, Alberto Arons de Carvalho, que na altura era o Secretário-Geral da JS, Carmelinda Pereira e Elisa Damião.
No dia do comício, o jovem Fernando Neves, tal como outros camaradas, deambularam pelas ruas de Oeiras, tentando convencer os transeuntes a participarem no evento. Terminámos a “jornada” no café “Bugio”, o mais emblemático da altura e local de encontro dos adeptos de Hóquei em Patins. Naquela tarde, o “Bugio” estava cheio.
Ao fundo da sala, tinham-se agrupado 4 ou 5 mesas por forma a poder acomodar um grande grupo de gente. “Aqueles são o meu alvo” pensei de imediato. Imbuído do meu mais profundo sentimento doutrinal, comecei a distribui os tais folhetos coloridos por toda a gente que fazia parte do grupo. A cada pessoa repetia a frase: contamos consigo logo à noite em Paço d’Arcos!
Quando ia a meio da distribuição, alguém me questionou:
- Ó camarada, sabe quem são estes oradores?
Resposta imediata minha:
- Claro que sim camarada! São os camaradas Arons de Carvalho, Carmelinda Pereira e Elisa Damião, grandes socialistas!!!
- Mas sabe quem são?
- Claro que sim…(e lá repeti a lenga-lenga toda.
O que eu não esperava, era pela conclusão do meu interlocutor…
- Pois é camarada, é que nós somos os oradores. Aqui ao lado está o camarada Arons, a seguir a Carmelinda Pereira e eu sou a Elisa Damião!
A minha cara mudou do rosa para o transparente e se o “Bugio” tivesse um buraco no chão, ter-me-ia enfiado lá!
Naquele noite fui um Rei. Fui eu que levantei a bandeira mais alta do comício e senti-me um entre iguais.
Parabéns PS