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Escadas Rolantes

Na minha terra costuma dizer-se: Quando a merda chega à ventoinha, ficam todos cagados!

Escadas Rolantes

Na minha terra costuma dizer-se: Quando a merda chega à ventoinha, ficam todos cagados!

24
Jun16

Yes mr. Minister

escadas

bandeira.jpg

 

…e de repente toda a gente é entendida em assuntos europeus, mesmo aqueles que nunca votaram para o dito parlamento.

De repente toda a gente acha que os ingleses estão malucos (ou talvez não…).

De repente toda a gente se acha no direito de ser um Nuno Rogeiro!

Qué isso??? Nuno Rogeiro só há um e esse, ainda não eram oito da manhã já tinha a certeza de que David Cameron tinha atrasado a sua declaração ao Reino, porque estava ao telefone com o Presidente da China, depois de ter falado cm o Presidente da União Europeia e com Obama (não se percebe porque é que não falou com Durão Barroso e com Michel Temer).

Nuno Rogeiro sabe, tem certezas, tal como Ricardo Costa e a esmagadora maioria dos recém-criados analistas políticos. Esquecem-se no entanto estes “iluminados” que este “Brexit” não aconteceu ontem.

Esta fuga para a frente teve o seu início, no mesmo dia em que o Reino Unido se recusou a fazer parte da moeda única. O que aconteceu ontem foi apenas o culminar de uma arrogância insular, caracterizada por David Cameron em conluio com os responsáveis das instâncias europeias. É bom não esquecer, que o ainda (até Outubro ao que parece) primeiro-ministro inglês, ganhou as ultimas eleições com um discurso do mais populista que se tem visto, prometendo entre outras coisas, a realização do referendo que veio a perder!

A pergunta que todos fazem agora é; e como é que isto foi possível?

Eu respondo com a mesma sapiência que caracteriza José Manuel Fernandes; os políticos europeus têm sobrevivido ao longo destes últimos anos, olhando apenas para o umbigo uns dos outros (diga-se em abono da verdade que na maior parte dos casos, só olham para o seu…).

A participação cívica nos atos eleitorais que definiram o atual parlamento europeu e as instituições que o regem tem sido francamente deplorável se não mesmo dececionante. Os europeus há muito que se divorciaram destes políticos.

A europa da coesão e da solidariedade de Jean Monnet e Jacques Delors, deu lugar a uma sociedade de capital misto com interesses em paraísos fiscais e em sociedades de capitais de risco!

A isto tudo, junta-se uma Inglaterra que viveu sempre da mama europeia.

A culpa é apenas deste senhor Cameron? Claro que não. A culpa é da senhora Thatcher, do senhor Blair e de tantos outros autocratas que se têm auto glorificado à nossa custa. Hoje foi o Reino Unido (ou Desunido como alguns já lhes chamam), amanhã será a Dinamarca e a Holanda.

Em vez de meditarmos sobre isto, talvez seja esta a hora de tomar medidas concretas, como por exemplo, perguntar a toda a gente e de uma vez por todas:

QUEM QUER PERTENCER A ESTE CLUBE?

vota sim.jpg

 P.S. este não é o primeiro referendo britânico à permanência na União europeia. Em 1975 Harold Wilson promoveu um, tendo ganho o sim com a expressiva margem de 67%

02
Jun16

AS VACAS QUE VOAM

escadas

(e outros animais mitológicos)

 

 

Cows-flying-cows-35890184-500-260.png

 

O congresso do partido Socialista, que se realiza este fim-de-semana em Lisboa, é uma boa oportunidade para refletirmos sobre a saúde da nossa democracia e a dieta a que tem sido submetida desde 1974.

Não sei se já repararam, mas temos quase tantos anos de democracia, como de ditadura o que nos deveria deixar de certa forma orgulhosos. Então por que não estamos?

Diz-se por aí que Portugal vive pela primeira vez desde 74, uma experiência de aliança à esquerda. Parece que as várias esquerdas resolveram entender-se, o que provocou uma azia tremenda em certos senhores ditos de direita, se fosse comigo eu também estaria a caixas diárias de Kompensan, pelo menos até o Partido Comunista acordar e perceber que se continuar a apoiar este governo, perderá a sua base eleitoral nas próximas eleições…por outro lado, há quem diga que Catarina Martins está de malas aviadas para o Teatro Nacional, abraçando assim uma profissão da qual nunca se divorciou completamente.

Mas se tudo isto é verdade (ou não…) ou pelo menos verosímil, porque é que o Partido Socialista não está contente?

Com excepção de Ascenso Simões, (cabeça de lista pelo distrito de Vila Real) que fez publicar uma notável reflexão sobre o momento atual do PS e a moção que António Costa apresenta a este congresso, a oposição interna praticamente não existe, resumindo-se apenas a meia dúzia de comensais que entre decibéis de refluxos de neofagia aguda, continuam ainda a viver em Lilliput!

Entre outras apreciações, Ascenso Simões afirma na entrevista citada que a moção que Costa apresenta a Congresso não passa de um “buraco negro” (ups…ó Dr. Galamba, parece que há pelo menos uma pessoa naquele Partido que não tem medo de falar…), mas eu gostaria de me debruçar noutra passagem do texto. Diz o deputado socialista que “ um Governo não é feito de uma só pessoa, um partido não é feito de uma só voz. Concordo, mas infelizmente não é verdade.

Temos assistido ultimamente a uma transformação profunda na forma como os partidos políticos (alguns) se têm reestruturado, a começar por exemplo pela implementação das eleições diretas. Mas se olharmos mais atentamente para a realidade deste PS, vemos que os caciques de outrora que dominaram o Partido e o fizeram perder várias eleições, continuam a dominar o aparelho do Partido, veja-se por exemplo o que se passa na Federação de Coimbra, que é digno de uma qualquer novela de “Corin Tellado” mas com contornos pidescos!

Por outro lado, as últimas sondagens demonstram sem margem para duvidas que continua a existir uma diferença clara entre António Costa e o Partido que dirige, ou seja, os portugueses confiam em Costa, mas continuam a ter dúvidas em relação ao Partido Socialista.

Até há poucos anos, os partidos, distinguiam-se entre si através de uma “coisa” chamada IDEOLOGIA. Quando eram chamadas a votar, as pessoas escolhiam entre partidos de acordo com a ideologia que representavam, comunistas, sociais-democratas, democratas cristãos e militantes extremistas apresentavam as suas propostas e o povo votava!

Hoje em dia, temos um Partido Socialista que é social-democrata, um partido Social Democrata que é popular e um Partido Popular que também é popular, apesar de ser democrata cristão; e ainda querem que as pessoas não se confundam?????

De facto, há muito que se deixou de votar em partidos. Quem acompanhou campanhas eleitorais sabe perfeitamente que as pessoas votaram no Sócrates, no Passos Coelho, no Portas e no Costa, em detrimento dos partidos que representam. São estas personalidades fortes (ou não) que arrastam as multidões e decidem os resultados eleitorais.

Dito isto, é legítimo perguntar para que servem então os partidos?

Será que posso avaliar determinado partido, através do comportamento de um seu qualquer dirigente? Voltando ao lamentável caso de Coimbra, será que os eleitores do PS de Coimbra irão definir o seu sentido de voto de acordo com o comportamento dos atuais dirigentes, ou olharão apenas para o comportamento de António Costa à frente do executivo?

E não é menos verdade que cada um de nós olha para o nosso colega de trabalho e tenta relacioná-lo com o seu partido político? Expressões como: “vê-se mesmo que é do PSD”, ou então “são todos iguais…” já há muito que fizeram parte do nosso dia-a-dia e demostram como apesar de tudo, tentamos integrar cada um, no todo.

Quando Miguel Cadilhe disse em 2005 que Cavaco Silva era um eucalipto (secava tudo à sua volta) o antigo ministro das finanças estava a caracterizar a personalidade política do antigo primeiro-ministro. Obviamente que não há comparação possível entre os dois políticos, mas podemos questionar os terrenos em que se move Costa hoje em dia. Não se pode acusar António Costa de ter secado o terreno à sua volta, antes pelo contrário, mas convenhamos que a imagem não é simpática.

Por enquanto, António Costa está sozinho a puxar um barco que teimosamente tenta ultrapassar todas as tormentas, mas a corda pode esticar por excesso e partir-se…

Enquanto português de boa-fé e contribuinte exemplar, desejo que esta “experiência” governativa surta efeito, mas se por mero acaso formos chamados às urnas antes de tempo e tivermos que olhar não só para Costa mas para a toda a sua “entourage”, iremos chegar a que conclusão?

O panorama não é brilhante, diria mesmo – obscuro.

Este é um tema que tenho a certeza que não será debatido neste Congresso, mas mereceria um pouco mais de atenção.

 

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